As doenças autoimunes são caracterizadas por uma resposta imunológica anormal, na qual o sistema imune ataca tecidos saudáveis do próprio organismo. Essa desregulação resulta em inflamação crônica e dano tecidual, afetando diversos órgãos e sistemas.
Globalmente, a prevalência dessas patologias tem apresentado um aumento significativo, afetando mais de 8% da população mundial. No Brasil, a situação não é diferente: estudos indicam que uma parcela significativa da população sofre com essas doenças, com prevalências que variam de acordo com a especificidade de cada doença.
A abordagem multidisciplinar para doenças autoimunes envolve a colaboração de diversos profissionais, como reumatologistas, imunologistas, fisioterapeutas, psicólogos e enfermeiros. Essa estratégia visa não só tratar os sintomas físicos, mas também abordar os aspectos emocionais e psicossociais das condições.
Os tratamentos contemporâneos podem variar dependendo do tipo específico de doença autoimune, da gravidade dos sintomas e das características individuais do paciente. Muitos tratamentos são baseados em terapias imunossupressoras, terapias-alvo, imunomoduladores, terapia celular e abordagens personalizadas.
O que diz a ciência sobre as possibilidades de tratamento para doenças autoimunes?
As perspectivas contemporâneas no tratamento de pacientes com doenças autoimunes estão centradas no papel crucial do Programmed Death-Ligand 1(PD-L1) na regulação da autoimunidade. Estratégias de imobilização in-situ, combinando modificação covalente e não covalente, mostraram-se promissoras.
A glicoengenharia metabólica seguida de química de clique bio-ortogonal permitiu a decoração eficiente de PD-L1 em células-alvo, resultando em uma retenção significativamente prolongada. Em modelos de diabetes tipo 1 e artrite reumatoide, essa abordagem de âncora dupla demonstrou regulação imunológica eficaz, reduzindo a infiltração de células T citotóxicas e promovendo a presença de células reguladoras.
Entre as abordagens emergentes, as terapias celulares, sobretudo as variantes de células T com receptor de antígeno quimérico (CAR-T) direcionadas para células B auto reativas, têm mostrado resultados promissores em séries iniciais e em modelos pré-clínicos com relatos de remissões sustentadas em doentes refratários a terapêutica convencional.
Outra linha de investigação focaliza vacinas tolerogênicas e estratégias de “inverse vaccination” que pretendem induzir regulação antígeno específica, por exemplo, promovendo células T reguladoras ou bloqueando sinais co-estimulatórios necessários à ativação de auto reativas.
Ensaios pré-clínicos e alguns ensaios de fase inicial demonstram que a administração controlada de autoantígenos com adjuvantes tolerogênicos pode modular respostas imunes patogênicas sem causar imunossupressão sistêmica, abrindo caminho para tratamentos mais seguros e com menor impacto sobre a defesa contra infeções.
Doenças autoimunes e suplementação
Vitamina D
Paralelamente, pesquisas revelam que pacientes com doenças autoimunes frequentemente apresentam hipovitaminose D. A vitamina D modula o sistema imunológico, promovendo ação anti-inflamatória e aumentando linfócitos T regulatórios. A forma ativa, calcitriol, suprime a resposta Th1 e possui propriedades antioxidantes. Estudos destacam a relação direta entre a deficiência de vitamina D e a progressão das doenças autoimunes.
A correção dessa deficiência, por meio de suplementação ou exposição solar, é uma estratégia acessível e de baixo custo no tratamento e prevenção dessas condições. Um estudo randomizado realizado em 150 pacientes com artrite reumatoide em fase inicial mostrou que a suplementação semanal de 60.000 UI de 1,25 dihidroxivitamina D3 resultou em uma melhora no alívio da dor relatada. Em uma meta-análise de seis ensaios clínicos randomizados, a terapêutica com a suplementação de vitamina D demonstrou bons efeitos no Disease Activity Score 28 (DAS28).
Em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES), observa-se uma ligação direta com os níveis de vitamina D. Por ser uma doença de etiologia complexa e ainda pouco desvendada, a deficiência de vitamina D aparece em grande parte dos pacientes, pois a fotossensibilidade, associada ao uso de medicamentos como corticoides e hidroxicloroquina, bem como o comprometimento renal, levam grande parte desta população a apresentarem déficit da vitamina D.
Ainda, estudos da etiopatogenia da Esclerose Múltipla (EM) demonstram relação significativa entre a hipovitaminose D e a doença. Os autores descrevem que, apesar do curso da doença seguir diferentes padrões, a hipervitaminose D em algumas fases da vida, como durante a gestação, na juventude e na velhice podem prevenir e reduzir o risco da EM. Ademais, manter um maior aporte do colecalciferol pode colaborar para a diminuição dos sintomas e na recidiva de episódios agudos.
Por sua vez, observou-se que a suplementação com selênio, principalmente na forma de selenometionina, levou à restauração do eutireoidismo em 31,3% dos pacientes com hipotireoidismo subclínico após quatro meses de suplementação, com redução de TPOAb, TgAb e TSH, associada ao aumento da atividade antioxidante e de células T reguladoras.
Outros nutrientes
Além do selênio, o zinco tem sido associado à manutenção da função imune e ao controle do estresse oxidativo. Um estudo caso-controle com 1.048 participantes relatou que níveis séricos baixos de zinco foram significativamente mais frequentes em pacientes com doenças autoimunes da tireoide. Ensaios clínicos que investigaram a co-suplementação com zinco, magnésio e vitamina A demonstraram melhora de marcadores inflamatórios e oxidativos, embora sem impacto direto nos hormônios tireoidianos
O desenvolvimento de doenças autoimunes está associado a uma combinação de diversos fatores de risco, incluindo predisposições genéticas, exposições ambientais e certos estilos de vida. Compreender como esses elementos interagem para promover a autoimunidade é essencial para a elaboração de estratégias preventivas e terapêuticas mais eficientes.
A identificação desses fatores não apenas facilita um diagnóstico mais precoce, mas também viabiliza a aplicação de tratamentos personalizados. Além disso, as doenças autoimunes muitas vezes ocorrem concomitantemente com outras comorbidades, adicionando complexidade ao quadro clínico dos pacientes. Essa concomitância de patologias exige uma abordagem clínica detalhada e um plano de manejo integrado que considere todas as condições associadas, a fim de otimizar os resultados terapêuticos e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
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Referências
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