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Suplementação em pacientes bariátricos

Suplementação em pacientes bariátricos

A abordagem terapêutica para pacientes com obesidade é fundamentada em uma variedade de métodos, que incluem diretrizes alimentares, exercícios físicos e a prescrição de medicamentos.  Entretanto, diante da ineficácia dessas medidas, surge a necessidade de uma intervenção mais impactante, destacando-se a recomendação das cirurgias bariátricas.

Embora a cirurgia proporcione melhorias significativas na qualidade de vida do indivíduo com obesidade, ela também pode acarretar, por outro lado, certas condições durante o período pós-operatório inicial e a longo prazo, como as carências nutricionais e, por vezes, pode haver necessidade de suplementação de nutrientes.

Quais as alterações nutricionais mais comuns nesses casos?

Dentre as alterações nutricionais observadas em pacientes bariátricos, pode-se citar as manifestações de desnutrição energético-proteica, deficiências de vitaminas e minerais, bem como quadros de anemia pela carência de ferro, ácido fólico (B9) e vitamina B12 (cobalamina).

A alteração nos padrões alimentares durante o período pós-operatório também é um elemento contribuinte para o surgimento das carências de vitaminas e minerais. Por exemplo, há uma diminuição notável no consumo de alimentos ricos em ferro (tais como carne e seus subprodutos), o que, em conjunto com as modificações fisiológicas induzidas pela cirurgia, é apontado como um fator de risco para o desenvolvimento de quadros anêmicos.

Zinco

Por sua vez, o zinco atua, em seus aspectos fisiológicos, na tradução da síntese de proteínas, maturação sexual, resposta imunológica, cicatrização de feridas, paladar, apetite e outras enzimas. Como o zinco é absorvido no duodeno e jejuno, os pacientes pós-bariátrico de BGYR apresentam deficiência deste mineral, que tem sido relatada como causa de alopecia, diarreia, desordens emocionais, perda de peso, infecções recorrentes, dermatite e hipogonadismo em homens.

Tiamina

A deficiência de tiamina pode ocorrer de forma aguda após qualquer tipo de cirurgia bariátrica em pacientes que apresentam vômitos prolongados, e está associada a sintomas neurológicos graves, que podem ser irreversíveis.

Nesse sentido, os fatores de risco mais comuns associados à deficiência de tiamina são: o percentual de perda de peso, a persistência de sintomas gástricos (náuseas e vômitos), a não adesão ao acompanhamento nutricional, a redução de albumina e transferrina e a presença de complicações pós-operatórias.

Vitamina D

A vitamina D é necessária tanto para garantir uma boa função esquelética quanto para função imune, prevenção de câncer e para a saúde cardiovascular. Além disso, a absorção de cálcio por transporte ativo mediado pela vitamina D ocorre fundamentalmente no duodeno e jejuno proximal, portanto, qualquer técnica cirúrgica que afete essas áreas intestinais interferirá na absorção desse mineral, gerando a consequente deficiência.

No entanto, a absorção desse mineral também ocorre por difusão passiva por todo o intestino delgado. Nos casos de derivação biliopancreática, a má absorção de vitamina D favorece o comprometimento da homeostase do cálcio e do metabolismo mineral ósseo.

Assim, a osteoporose ocorre em consequência da deficiência crônica de cálcio. Todavia, a deficiência de vitamina D, com ou sem deficiência de cálcio, provoca osteomalácia. Já o hiperparatiroidismo secundário geralmente precede a osteoporose e a osteomalácia e resulta da hipocalcemia e/ou deficiência de vitamina D.

Vitamina B12

A deficiência de vitamina B12 pode provocar anemia megaloblástica, neuropatia periférica, sintomas psiquiátricos (especialmente transtornos depressivos), transtornos hematológicos, neurológicos e cardiovasculares, além do aumento dos níveis de homocisteína, que pode contribuir para o desenvolvimento de doenças ateromatosas.

Além disso, a carência deste micronutriente também pode estar associada ao transtorno do humor, pois ele e o ácido fólico possuem a propriedade de metilar moléculas precursoras de monoaminas, como a serotonina, a noradrenalina e a dopamina, que estão envolvidas em reações no cérebro, podendo causar efeitos no humor.

Ácido fólico

Já a deficiência de ácido fólico tem sido observada principalmente após BGYR. Ela pode manifestar-se como anemia macrocítica, leucopenia, trombocitopenia, glossite ou medula megaloblástica.

Na maioria das vezes, a deficiência de ácido fólico após cirurgia bariátrica ocorre devido à diminuição da ingestão, e não em decorrência de sua má absorção. Ainda, a vitamina B12 é necessária para a conversão do ácido metiltetrahidrofolato (inativo) em ácido tetrahidrofolato (ativo). Portanto, a deficiência de vitamina B12 pode resultar em deficiência de ácido fólico.

Aproximadamente seis meses após a cirurgia, é possível observar níveis reduzidos de vitamina B2; no entanto, muitas vezes essa diminuição se manifesta após um período de um ano ou mais, quando as reservas hepáticas se encontram exauridas, associadas à escassez na ingestão de proteínas e à inadequada secreção do fator intrínseco.

Como a suplementação pode ajudar?

Esta deficiência de micronutrientes é um fator preocupante associado à realização de cirurgias bariátricas, principalmente no primeiro ano do pós-operatório, com incidência de até 50% de déficit vitamínico nos pacientes submetidos ao procedimento.

Minerais e vitaminas atuam como fatores e cofatores em vários processos biológicos, sendo essenciais nos processos metabólicos relacionados com o controle da perda de peso, regulação do apetite, da fome, da absorção de nutrientes, da taxa metabólica, do metabolismo de lipídios e carboidratos, das funções das glândulas tireoide e suprarrenais, do armazenamento de energia, da homeostase da glicose, de atividades neurais, entre outros.

Assim, a carência frequente desses micronutrientes após a cirurgia pode se tornar clinicamente significativa se não for precocemente detectada e tratada de forma eficaz, por meio de suplementação específica.

Portanto, para a prevenção das deficiências nutricionais após a cirurgia bariátrica, é essencial que os pacientes sigam uma dieta equilibrada e rica em nutrientes, façam uso de suplementos vitamínicos e minerais individualizados, conforme orientação médica, e realizem exames de acompanhamento regularmente para monitorar os níveis de nutrientes no sangue. 

Referências

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